Acordo, porém, meu corpo continua moribundo; como se não tivesse levantado.
Olho o tempo. Que tempo? Tudo parece estático, inseparável da imaginação. Como vim parar aqui? Parece que simplesmente surgi neste novo lugar.
É como sentir nunca ter mudado, estar continuamente numa posição que nunca houve. O passado nunca existiu, foi apagado da memória; porém, sou aquele mesmo de antes.
Porra, embriagado, os pensamentos não vem. Mesmo assim, continuarei...
Saber ter esquecido, porém, lembrar a todo momento; mas simplesmente como uma lembrança boa; como um passado que se foi, e que se tem vontade de viver novamente.
O amor é assim. Hoje, no vazio, sinto vontade de reviver toda aquela força que construiu e destruiu tudo o que havia em mim. Naquele começo, onde tudo o que se queria era a completude, que parecia completamente possível. E no fim, onde tudo o que fazia era entregar-se; doar-se e dar-se de um modo onde não seria mais possível escapar.
Mas como tudo na vida, um começo, sem meio, e um fim.
Fim este, que nunca se acabará; repetir-se-á num ciclo, infindável. Amor, olhar, cheiro, sexo e ódio; sempre juntos.