segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A Besta - Obra baseada na vida morte de Aleister Crowley

A Besta


Obra realizada baseada nos fatos da vida e da morte de Aleister Crowley






“Naquele momento, dentro de mim, sentimentos confusos brotaram por alguns instantes, naquele momento me sentia uma besta humana, não tão forte quanto eu me imaginava, uma besta prepotente, aparentemente forte mas realmente fraco, com tudo aquilo eu escondia meu ego dentro de um baú empoeirado, era obrigado a esconder meus desejos e apreços, me tornava uma criança crua e sem vida, apenas uma singela máscara exterior perdurava em minha face, para fingir que estava tudo bem, para esconder a realidade em que me situava.”




Por toda a minha infância, eu era tido como uma bela criança, menino estudioso, educado; então podemos dizer que sou um bom ator. Porém, guardava dentro de mim minha verdadeira face, meus desejos e pensamentos, o meu verdadeiro ser.

Você leitor, não me julgue, não pense que sabes quem eu sou, até hoje realmente tenho dúvidas sobre isso, tudo o que faço é para apenas manter uma imagem? Ou realmente sou o que faço? Bem, isto não vem ao caso no momento, primeiro contarei minha história, compartilharei com você minha vida; apenas dei um aviso para os despreparados e preconceituosos.





Capítulo 1 - Memórias

Minha primeira memória mais significante talvez seja o tipo de memória que qualquer tipo de pessoa normal tentaria esquecer, mas, as memórias são o que formam uma pessoa, o passado forma a essência de uma pessoa, uma pessoa é o que vive, o que viveu, ou até mesmo, o que deixou de viver. Por mais que parecidos, nunca uma pessoa tem o passado como o da outra, além disso, a forma de se ver, a forma de encarar, a forma de lidar com os acontecimentos é o que difere uma pessoa da outra.

Foi uma gravidez muito esperada, eu queria muito ter um irmãozinho, todos estavam muito alegres, gestação foi ótima, então finalmente o dia do parto havia chegado. Eu tinha apenas 6 anos, dizem que uma criança de 6 anos não entende muito bem as coisas; ao contrário, uma criança tem uma maneira diferente de ver as coisas, como muitos adultos por ai, eu vi aquele momento como uma vitória, finalmente chegara o momento do nascimento daquela criança que mudaria minha vida, finalmente eu teria uma companhia, um amigo para fazermos muitas coisas boas juntas. Enquanto minha mãe tranqüila fazia as malas para levar à maternidade meu pai todo estressado para ir logo ao hospital, a maternidade ficava a poucos minutos de casa, foi uma viajem rápida, por causa do horário não havia trânsito, chegamos e minha mãe foi direto para a sala cirúrgica, me pediram para esperar naquele banco frio da recepção, minhas pequenas pernas que não alcançavam o chão balançavam freneticamente de ansiedade, a enfermeira responsável para me acompanhar tentava conversar comigo para me acalmar, o relógio preso à parede, de ponteiros, eu ainda não sabia ver as horas nele, mas via que muito tempo já se passara, círculos e mais círculos eram completados, e cada vez mais ansioso para a chegada do meu irmão.

Mais algumas voltas dos ponteiros meu pai chegou, eu tive uma rápida visão dele correndo pelo corredor, chorava muito de felicidade, então naquele momento soube que meu irmão havia chegado, a enfermeira pediu para eu esperar um pouquinho e que ela voltaria logo, ela conversou um pouco com um médico e voltou ao meu lado, fez carinho em minha cabeça e disse que minha irmã era uma menininha. Não conseguia acreditar, uma irmãzinha. Mas já estava muito tarde, o sono começava a chegar, me deitei no banco frio da recepção e peguei logo no sono como qualquer outra criança.

Quando acordei, já era meu pai me chamando, ele disse que eu já podia ver a mamãe, ele me levou pelos corredores e entramos no quarto onde mamãe estava, ela estava acordada, com o rosto todo vermelho, parecia que havia chorado muito, até pensei que a cegonha havia machucado ela, mas logo me lembrei que meu primo havia falado que era mentira, que deus é quem dava as crianças para os pais. Cheguei mais perto de mamãe, mas não via a minha irmãzinha, então resolvi perguntar:

-Mamãe, onde ela está?

-Sua irmãzinha está no outro quarto meu querido.

Então os olhos dela se encheram de água e ela balbuciou:

-Meu amor, você não vai ter irmãzinha.

Minha cabecinha começou a juntar as peças já sabia o que era, mesmo assim para fingir que não entendi peguntei:

-Então vou ter um irmãozinho, né mamãe?

-Não meu filho, sua irmãzinha tava dodói, ela não - depois de uma pausa, se recuperou e continuou - não sobreviveu,sua irmã está no céu agora.

Mamãe começou a chorar, o que eu pensava era verdade então, minha irmã morreu, eu não teria mais um irmão, fiquei muito triste, mas não chorei. Enquanto minha mãe chorava muito meu pai pediu para eu ir com ele para a recepção; agora aqueles bancos pareciam ainda mais gélidos, e foi ai que eu comecei a mudar.





Capítulo 2 – Dúvidas



Ergui rapidamente meu corpo na cama, me sentei encostado na cabeceira, com o corpo todo molhado de suor, e recordei do maldito pesadelo que acabara de ter, levei alguns instantes para separar a linha tênue da realidade e dos sonhos; quando me situei novamente, parei e refleti sobre o pesadelo, com o corpo ainda mole de alguém que acabou de acordar, e com a cabeça pesada de uma pessoa que teve um exaustivo dia, tentei esquecer este maldito pesadelo que me atormenta todas as noites.

Neste dia, na primeira vez que perdi alguém que eu não tive, no dia em que minha mente começou a mudar, eu me tornei o esboço do homem que sou hoje.

Ultrapassei novamente a linha dos sonhos e voltei para a realidade. Já estava na hora de tomar um banho, de me arrumar e ir para mais um dia de aula. Me levantei da cama, olhei à minha volta para me situar onde estava, aquele quarto da república que já me era velho conhecido, desde que entrei na universidade. Me dirigi em direção ao guarda-roupas para pegar o uniforme, foi ai que eu ouvi o barulho do chuveiro, não me lembrava de ter alguém comigo, à essa hora Mc Gregor já estava fora, abri a porta do banheiro, vi a silhueta feminina por detrás das cortinas, então ela disse:

- Ally, até que enfim acordou querido, venha tomar um banho comigo.

Sem nem saber quem me chamava, já fui tirando a roupa, dei alguns passos em direção ao chuveiro, abri a cortina, analisei por alguns minutos aquele belo corpo que eu provavelmente havia possuído noite passada, sem muito pensar entrei. Ela olhou para mim com um belo sorriso, tinha os cabelos loiros na altura dos seios, andei para trás dela envolvi meus braços na sua cintura, ela virou o rosto para trás e nos beijamos, enquanto ela virava seu corpo por dentro dos meus braços, eu ia para debaixo do chuveiro, aquela água gelada passando dentre nossos corpos excitados, encostei o corpo dela na parede, me ajoelhei diante dela como num ato de amor, desci minhas mãos até a altura do prazer, cheguei meu rosto para frente em encontro ao órgão dela, com simples mas efetivos movimentos eu a deixava cada vez mais excitada, quando ela estava a ponto do orgasmo, me levantei acariciando seus mamilos e a penetrei, no ato mais puro do prazer. O orgasmo não demorou a chegar já estávamos no ápice da excitação; com nossos corpos ainda unidos pelos braços continuamos o banho, sem nenhuma palavra, apenas com olhares que poderiam dizer coisas intraduzíveis pelas palavras.

Saí do chuveiro, me enrolei na toalha, peguei o uniforme que não tinha acabado de separar e me vesti. Quando eu já estava colocando a gravata ela pediu para eu a esperar, me sentei na cama e fiquei observando aquele belo corpo enrolado na toalha.

-Você já trouxe seu uniforme para cá? – Eu disse surpreso ao ver ela pegar suas roupas na mochila.

-Lógico, se eu ainda tivesse que ir ao meu andar me arrumar nos atrasaríamos, pois sei que você só sai quando a aula está prestes a começar!

Acendi um cigarro enquanto esperava ela se arrumar, 6 minutos, o tempo de o cigarro acabar e ela ficar pronta.

-Vamos? – Eu disse já irritado pela demora.

-Vamos!

Abri a porta com a chave que já havia pego enquanto esperava ela se arrumar, ela saiu, e tranquei a porta

-Ally, qual é a su... – Não a deixei completar a frase para dizer:

- Por favor, não me chame deste maldito apelido.

-Sim, me desculpe, não precisa de ser tão grosseiro!

Toda vez que alguém me chamava assim, me vinha à mente a imagem da minha mãe me chamando por este mesmo nome.

Sem mais nos falarmos, nos dirigimos para a universidade.

-Helena! – Gritava um garoto ao longe.

-Oi! Já estou indo. Beijo All... Ops, beijo Fernando. – Ela me deu um beijo no rosto e seguiu em direção ao garoto.

Agora eu sabia o nome dela, Helena. Rapidamente me veio à memória a noite passada e as cantadas baratas que eu havia dado para conseguir o seu prazer. Andei mais e cheguei na minha sala, as mesmas pessoas e o mesmo lugar! Sentei-me ao lado de Gregor e o sinal logo soou.





Capítulo 3



Após sete cansativas aulas, sem assuntos que realmente me interessavam, a tarde já caía. O dia para mim sempre começa naquele horário, após terminar minhas obrigações. Mas nem sempre foi assim, me lembro de quando criança, antes mesmo de fazer minas tarefas eu já queria brincar com meu primo Chamberlain, certo dia saí de casa bem cedo sem minha mãe ver, sabia que Chambie já me esperava debaixo da grande árvore no campo perto da casa dele.

Quando cheguei vi que Chambieestava com uma revista na mão, me aproximei, nos cumprimentamos e ele desenrolou a revista. Quando vi tinha uma mulher nua na capa, com um sorriso no rosto disse:

-Não acredito que você comprou isso!

-Mas eu não comprei, peguei no guarda-roupas do meu irmão. – Disse Chamberlain entusiasmado.

-Vamos ver logo, abre isso!

-Calma Alex, já vou abrir. – Rapidamente ele abriu a revista já no meio, onde as fotos estavam.

Quando começamos a ver aquelas fotos já começamos a ficar excitados, eu só havia visto aquelas revistas umas duas vezes só, meu pai tinha algumas escondidas em casa. Sem pensar muito, com meu pênis ereto abaixei minhas calças e comecei a me masturbar, percebi que Chambie estava envergonhado e perguntei.

-E ai? Não vai também não?

Após eu insistir mais um pouco ele também começou a se masturbar, minha atenção ficava agora dividida entre a revista e à Chamberlain. Parei por um instante e ele vendo parou também. Eu resolvi perguntar:

-Que tal um masturbar o outro?

-Você está doido Alex? Você sabe que isso é errado!

-A maioria das coisas boas nossos pais dizem que é errado, além do mais somos primos, não tem problema.

Eu me aproximei dele e fui dirigindo a minha mão para o pênis dele, ele recuou um pouco mas logo depois cedeu. A sensação era muito boa, a sensação mais excitante que eu já havia experimentado. Mais eu ainda queria mais, não me contentava apenas com aquela masturbação grupal, abaixei meu corpo em direção ao dele, envolvi o pênis dele com minha boca e fiz sexo oral.

Naquele momento minha vida sexual realmente começava, esses dias com meu primo foram os melhores dias da minha vida, com ele tive momentos que marcaram no meu ser e que despertaram o meu desejo oculto.





Capítulo 4



Após juntar os materiais da aula que havia acabado, saí da universidade com Gregor para irmos a um pub que ficava há 3 quarteirões da república, estava precisando um pouco de me distrair.

Nos sentamos numa mesa ao fundo e logo após o garçom veio, eu pedi uma dose de Absinto e Gregor uma de wísque.

-Alexander, por favor pare de trazer garotas para dentro de nosso quarto, já estou de saco cheio de ouvir gemidos todas as noites.

-Tudo bem, vou procurar outro lugar para levá-las.

Essa já não era a primeira vez que ele me pedia isso, sempre ignorei, e desta vez não seria diferente.

-Alexander, quando seu padrasto foi morar com vocês, por que você não gosta de falar sobre isso?

Ahh, por que ele tinha que sempre me lembrar desta época. Pouco depois de meu pai morrer ele veio morar conosco; ali naquele momento começava o inferno na minha vida, daquele momento em diante eu perdi minha infância para viver num inferno.

Minha mãe sempre submissa de acordo com os modelos cristãos que seguíamos, ela se calava diante dos atos dele, ela nunca retrucou nada do que ele falava, sempre abaixava a cabeça e concordava. Certo dia após voltarmos de uma festa de confraternização da igreja ele começou a gritar com minha mãe, não era muito diferente dos outros dias, era só chegar dentro de casa que ele mudava, a máscara que ele utilizava perto dos outros caía, ele se tornava quem era. Mas neste dia foi diferente, apenas por minha mãe ter discordado com ele sobre a maneira que ele nos educava ele deu um tapa no rosto dela e a agarrou pela garganta, cheio de fúria fui para a cozinha e peguei uma faca, saí correndo para meu quarto pois eu já sabia como sempre ele após brigar com mamãe vinha para meu quarto me bater.

Então o esperei, não demorou muito ouvi seus passos ecoando em direção à meu quarto; quando ele abriu a porta levantou a mão para cima de mim, num rápido reflexo de fúria enquanto ele ia abaixar a mão para me bater peguei a faca e cravei na mão dele, consegui sentir as serras cortarem sua carne e passarem por seus ossos, então ele deu um grito e eu ouvi ao fundo a voz da minha mãe:

-Ally, o que você fez seu demônio, como pôde fazer isso com seu pai? – Disse ela gritando.

-Esse desgraçado não é meu pai, é apenas mais um desses com que você vai pra cama. Você pensa que eu não sei que você sai com os caras da Plymouth?

Então ela saiu do quarto de cabeça baixa e foi para o banheiro ajudá-lo a fazer curativos. Enquanto isso, bem baixo mais claro, ouvi a conversa dos dois:

-Elizabeth, se você não der um jeito neste moleque eu vou matá-lo. Escreva o que eu estou te dizendo!

Naquele momento, dentro de mim, sentimentos confusos brotaram por alguns instantes, naquele momento me sentia uma besta humana, não tão forte quanto eu me imaginava, uma besta prepotente, aparentemente forte mas realmente fraco, com tudo aquilo eu escondia meu ego dentro de um baú empoeirado, era obrigado a esconder meus desejos e apreços, me tornava uma criança crua e sem vida, apenas uma singela máscara exterior perdurava em minha face, para fingir que estava tudo bem, para esconder a realidade em que me situava.





Sempre que alguém me perguntava sobre minha família memórias me vinham à mente, raramente eram memórias felizes pois eram poucos os momentos em que eu me sentia bem dentro de casa. Após dar mais uma viagem pelo meu passado respondi:

-Gregor, você sabe como foi dura a minha vida dentro de casa, por isso não gosto de comentar sobre, acredito que só de saber que após a morte do meu pai fui criado por uma dona de casa descontrolada que por vezes esquecia que era minha mãe e por um homem controlador que se dizia meu pai, já é o suficiente.

Gregor percebeu o nível de angustia que havia tomado meu coração então tentou se redimir pedindo mais duas doses de uísque e utilizando do silêncio.